Silvia Duarte Cópia

Ir ao Psicólogo é Como Ir ao Seu Médico de Família

Texto: Sílvia Duarte, Psicóloga Clínica

Q uando lhe dói um dente vai ao dentista, certo? Quando sente que algo
não está bem com o seu corpo vai ao seu médico de família. E quando se
sente “em baixo”, triste ou irritada com alguma coisa ou com alguém?

Ou quando sente angústia ou uma sensação de “vazio”? Qual é o especialista
que deve procurar? Isso mesmo, um psicólogo.

Não é preciso uma lista de problemas para justificar a sua ida ao psicólogo.

Não é preciso dizer que tem uma depressão ou uma fobia para ir ao psicólogo.
Não é preciso ter um “rótulo” de doença mental para dizer que quer ir ao
psicólogo. Não é preciso ter medo de ir ao psicólogo. Não é preciso questionar-
se se precisa ou não precisa de um psicólogo. Não é preciso arrastar a sua
irritabilidade, tristeza, angústia, raiva, dias ou até semanas só porque
acha que não precisa de um psicólogo… Como pode reparar poderiam ser
enumerados vários argumentos frequentemente utilizados como justificações
ou “desculpas” para não ir ao psicólogo.

Eis a questão: E se olhar para o psicólogo como alguém que o pode ajudar em
qualquer situação / problema pessoal, profissional, social ou apenas porque:
“não sei lidar com isto”, “ando triste”, “não gosto de me sentir assim”,
“não tenho namorado”, “a minha amiga magoou-me”, “o meu colega de
trabalho irrita-me”, “o meu professor não gosta de mim”, “todos os dias
discuto com o meu filho”, entre outras situações que poderá imaginar. Não
é preciso um motivo “aceitável” ou “forte” para procurar ajuda psicológica,
até porque, por vezes, o mundo parece cinzento, ou a vida parece já não sorrir
mais (provavelmente por ter uma espécie de “pala” à frente dos olhos e só
conseguir ver a vida de uma determinada forma).

Neste ato de escolha que é pedir ajuda reside a coragem e a responsabilidade em
olharmos para “dentro” e “despertar”, tal como o psicoterapeuta Carl Gustav
Jung refere: “Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta”.
Assim, procurar ajuda não é para os fracos, mas sim para os corajosos!

O atual estado de pandemia tem causado um grande impacto na vida da
população em geral. O Covid-19 “fechou-nos” em casa, causou distanciamento
entre as pessoas, não nos permitiu a expressão de afetos com os mais
próximos e a esfera profissional abalou e, nalguns casos, desmoronou por
completo. Como se nos tivessem tirado o tapete debaixo dos pés e nós caímos
emocionalmente. Estas mudanças aumentaram a sensação de instabilidade,
insegurança e incerteza, bem como sentimentos de solidão, angústia e dor.
Tudo se torna escuro à nossa volta. As soluções parecem não existir, a não ser
afogar-nos em lágrimas e ansiedade… Até que passe…

Mas o psicólogo está aqui. Está aqui para lhe dar ferramentas para aprender
a lidar com o turbilhão de emoções negativas; amparar a dor e lidar com o
sofrimento; mostrar que também precisa de olhar para o escuro, reconhecê-
lo e aprender a ver “as cores” que surgem; olhar para as diferentes portas e
perceber onde e como pode ser feliz com as suas escolhas.

Vamos ao psicólogo?