Historial da Rádio

Edifício

A Rádio Popular do Concelho de Soure surgiu ainda no tempo das rádios “piratas”. Na altura, denominava-se “Rádio Saurium”, sendo ideia de um grupo de jovens que se dedicaram de corpo e alma a esta projeto. O processo ficou mais facilitado, uma vez que um deles percebia de eletrotecnia, e dessa forma, o primeiro emissor e outros equipamentos (atualmente peças de museu), foram concebidos de forma “artesanal”. A aquisição de peças foi o mais difícil, uma vez que as mesmas, eram na sua maioria, adquiridas no estrangeiro. Para o efeito, os jovens canalizavam algumas das suas mesadas para esse investimento. Para a deslocação ao estrangeiro, para aquisição de peças, foram várias as “boleias”, possibilitadas por camionistas amigos. Assim, poupava-se dinheiro, que seria aplicado no projeto.

Em 1987, a Rádio “Saurium”, emitiu pela primeira vez, durante apenas algumas semanas, a partir de uma vivenda, situada no Bairro Vale da Forca (a caminho da estação da CP de Soure), espaço cedido por um emigrante amigo.

Posteriormente, em regime de aluguer, os estúdios funcionaram num primeiro andar de um edifício da Rua Alexandre Herculano, passando depois, para uma sala do rés-do-chão, da sede da Banda de Soure. Em 1989/90 chega o momento da legalização das rádios, um processo complexo e exigente, contando com o apoio humano e logístico de algumas instituições da sede do concelho.
Depois de confirmada a atribuição de alvará de radiodifusão ao concelho de Soure, iniciou-se a construção dos estúdios, da denominada Rádio Popular do Concelho de Soure CRL – Cooperativa de Responsabilidade Limitada, no rés-do-chão de um prédio da Rua Lino Galvão (espaço alugado), tendo ali funcionado até ano 2000, juntamente com o Jornal “O Popular de Soure” que foi fundado em 1997, aproveitando-se alguns dos meios humanos e técnicos da rádio para o efeito. Mas, se as instalações se tornaram reduzidas, devido ao crescimento da estação emissora, com o surgimento do Jornal, a falta de espaço, era ainda mais notória.

Começou-se desde logo, a pensar numa alternativa, que passou por solicitar à Câmara Municipal de Soure, a utilização, a título gratuito, do primeiro andar do edifício, onde funciona o Serviço Local de Segurança Social, no Largo Conde Ferreira, na baixa da vila de Soure, onde atualmente funcionam a Rádio e Jornal. Tratava-se de um espaço que não tinha qualquer utilização, uma vez que se encontrava num 1º andar, o que não facilitava ali, a instalação de nenhum serviço público.

A título de curiosidade, para além dos vários estúdios, para emissão/produção, conforme a necessidade do momento, as instalações possuem um auditório/estúdio, com palco, excelentes condições acústicas e com capacidade para 80 pessoas. Das rádios existentes no país, mesmo incluindo as estações nacionais, é considerado pelos técnicos de radiodifusão, como um dos melhores auditório/estúdio. Em Portugal, só é superado pelo da RDP. Para além de possibilitar entrevistas a 80 convidados, por exemplo, através da utilização de microfones emissores, permite ainda a atuação de cantores a solo, grupos mais reduzidos, tocatas ou orquestras.
Saliente-se que, desde sempre, foi cumprido, o objeto da Cooperativa que consta dos estatutos… “a emissão radiofónica de programas e publicidade por via hertziana, tendo como âmbito principal o concelho de Soure, contribuindo para a promoção e divulgação cultural e artísticas da população, para a informação de interesse regional e local e para a difusão do associativismo, cooperativismo e mutualismo, que apoiará”.
Desde a sua existência, a Rádio Popular do Concelho de Soure, atualmente ouvida em todo o mundo, através da Internet (o que jamais era possível imaginar, aquando da sua fundação), teve cinco presidentes de Direção, no período em que funcionou como CRL – Cooperativa de Responsabilidade, concretamente, Armando Conde, Fernando Duarte Santos, Fernando Centeio, Fernando Dias e Ilídio Seco, sendo que os três últimos, acumularam, também, as funções de diretores do Jornal “O Popular de Soure”, periódico quinzenal, fundado em 1997, como atrás é referido.
A título de curiosidade, apenas Fernando Dias, um dos fundadores da estação e do jornal, se mantém, até aos dias de hoje, ligado ao projeto, apenas com interrupção, para tirar o curso de jornalismo que incluiu, posteriormente, em Lisboa, estágios em jornais e rádios nacionais. Logo após, regressou de imediato a Soure, para prosseguir o trabalho, onde realmente se sentia bem, trabalhando com outras pessoas, para o crescimento, em vários aspetos, deste projeto de comunicação social do concelho de Soure, mas que devido ao desenvolvimento rápido das novas tecnologias, se tornaram projetos à escala mundial, seguidos por sourenses emigrantes, e não só, uma vez que no caso da rádio, tem conquistado muitos ouvintes, através da sua emissão online, apesar de muitos deles, não terem ligações a Soure, mas apenas, porque gostam do estilo de emissão da estação.
A Rádio Popular de Soure continua a ser, cada vez mais, uma das mais “valiosas” instituições do Concelho de Soure, uma vez que une os sourenses em todo o mundo (em tempo real), através da sua emissão internacional.
A Rádio Popular de Soure presta, sem qualquer dúvida, um verdadeiro serviço público, embora não reconhecido oficialmente.